Mapa do percurso de trem de Santos a Cerqueira Cesar



Histórico Luiz Matheus Maylasky e a Estrada de Ferro Sorocabana:A companhia Sorocabana nasceu de um capricho de Luiz Matheus Maylasky, "o estrangeiro misterioso", como lhe chamavam. Nasceu em Lemberg, no dia 21 de agosto de 1836, chegou a Sorocaba ninguém sabe de onde e, sem um centil no bolso. Foi acolhido pelos padres do mosteiro, logo estes, reconheceram que tratava-se de alguém de raros conhecimentos, pois falava diversos idiomas e, com especialidade o latim.Sendo ele um rapaz inteligente e honesto, conseguiu desde logo, grangear simpatias entre o povo da cidade. Uma vez assim relacionado pelo seu modo culto, tornou-se em pouco tempo o homem, que mais tarde, devia prestar relevante serviços, não só ao povo sorocabano, como também um melhoramento à terra que em boa hora teve a suprema ventura de o acolher em sua sociedade.Na rua da quitanda, hoje rua Maylasky, esquina da rua da Penha, existia num prédio antiquíssimo, um velho descaroçador de algodão movido à vapor ao qual muito tempo não funcionava, devido à sérios desarranjos na máquina. Maylasky, sabendo disso, para ali dirigiu-se afim de examinar o abandonado utensílio. Por conhecer um pouco de mecânica, e tinha certeza prática e afinidade para qualquer ramo de serviço, comprometeu-se reparar os estragos do descaroçador, o que fez, deixando em condições de funcionar. Corria o ano de 1867, era das ainda das famosas Feiras de Sorocaba. Não havia nenhuma fábrica na cidade, a não ser, algumas máquinas de beneficiar algodão. Surgiu dali sua primeira iniciativa: estabelecer em Sorocaba o "Trust" do algodão. Vale lembrar que nos Estados Unidos da América estava ocorrendo a "Guerra da Sessesão" onde, devido a isso, estagnara-se a cultura do algodão, criando assim, a oportunidade de novos fornecedores de estabelecerem o comércio desde produto no mercado europeu, em especial à Inglaterra.Maylasky estabeleceu-se com um grande armazém na Rua do Commercio (hoje Barão do rio Branco). Comprava algodão e, depois de beneficiar, o remetia para os centros industriais e para o estrangeiro o que resultou de, em pouco tempo, adquirir confiança na praça de São Paulo, Santos e Rio de Janeiro. Maylasky instruía também os pequenos lavradores, auxiliando em seus plantios e até com dinheiro, tornando-se com isso, pessoa relevante na sociedade sorocabana.Em 1868 resolveu Maylasky fundar uma fábrica de tecidos em Sorocaba. Transposto o maquinário à cidade, construiu um vasto barracão para estabelecer sua fábrica, cujo prédio serviu mais tarde, para as oficinas da locomoção da "Sorocabana". Já em 1869, surgiu a idéia dos Ituanos de construírem uma via férrea ligando Jundiaí a Itu. Face ao alto custo do empreendimento, capitalistas sorocabanos foram convidados para entrarem como acionistas da "Companhia Ituana" que formara-se para construir a linha. Maylasky se pôs à frente, convidando as pessoas de relevância da cidade para o levantamento do capital necessário. Porém, era de interesse dos sorocabanos de que esta linha não ficasse só até Itu e sim, que se estendesse até Sorocaba para que também se beneficiasse da ligação férrea.Consta que nessa reunião - efetuada em 20 de janeiro de 1870 - na qual a comissão sorocabana foi muito mal recebida, estimulou Maylasky a organizar e fundar em Sorocaba, em 1871 a "Companhia Sorocabana" afim de construir uma via férrea de Sorocaba a São Paulo, intento esse o que foi levado a efeito, tendo sido inaugurado o seu tráfego em 10 de julho de 1875.Quando já iniciados os trabalhos da construção da via férrea "Sorocabana", Maylasky entendeu que Sorocaba necessitava de um apto estabelecimento gráfico para confecção de impressos para a Companhia, como também, a fundação de um periódico que servisse para a publicação de seus atos e sobretudo, para a propaganda no seu desenvolvimento da lavoura que tanto Sorocaba necessitava.Em recompensa de seus relevantes serviços prestados, Maylasky foi mais tarde agraciado por D. Pedro II, com o título de "Visconde de Sapucahy". Após quase dez anos de incansáveis lutas, retirou-se da Diretoria da Estrada em 1880. Em viagem à Europa, veio a falecer em Nice, em fevereiro de 1906, tendo seu corpo embalsamado e transportado para sepultamento no cemitério de São Francisco Xavier, Rio de Janeiro.Três anos depois de inaugurada, a Sorocabana estendeu suas linhas até Tietê, Tatuí, Itapetininga e Botucatu. Também em 1877 os trilhos da Companhia Ituana atingiam Piracicaba, onde promoveriam a integração com o transporte fluvial à vapor. Como as duas ferrovias serviam à mesma região e tinham os mesmos interesses, elas uniram-se formando a maior rede ferroviária do Estado, com 820 km de extensão. Com a nova empresa, as linhas prolongaram-se de Botucatu a Cerqueira César; no ramal de Bauru até Bom Jardim e de Itu a Mairinque, perfazendo um total de 908 km.No começo do século, após grande esforço de avançar suas linhas até os limites com os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, a Sorocabana não resistiu à crise financeira que se abateu sobre o País, obrigando-a a entrar em regime de liquidação forçada. No período de 1907 e 1919, o governo de São Paulo arrendou-a a um consórcio franco-americano, quando ela operou com o nome de Sorocabana Railway Company e atingiu as margens do rio Paraná, em Presidente Epitácio. A partir de 1919, ela voltou a ser administrada pelo Estado sob a denominação de Estrada de Ferro Sorocabana e vinculada à Secretaria de Aviação e Obras Públicas. Entre 1927 e 1937 a Sorocabana realizou uma obra de grande proeza, certamente um do maiores feitos ferroviários do Brasil: a construção da linha Mairinque - Santos, que transpõe a Serra do Mar pelo sistema de simples aderência.(Texto: Stênio de Andrade Gimenez; originalmente publicado na Monografia "Transporte Ferroviário no Estado de São Paulo" - Priscila Helena Nascimento)